sexta-feira, 30 de setembro de 2011

04:38

Quatro e trinta e oito da madrugada e não havia dormido ainda. Jogada sobre aquela poltrona velha, observava o quão bonito estava o céu. A lua cheia com todo seu brilho clareava toda a sala. O tic e tac do relógio tornou-se o único barulho da casa toda. Suspirei fundo, tentei arrumar-se sobre a poltrona, mas estava fora de cogitação. Minhas forças tinham se acabado desde o dia que você partiu. Desde a última briga.
A nostalgia me pegou. Ainda olhando o céu, lembrei-me das coisas que costumávamos a fazer, as músicas que cantávamos e até os apelidos carinhosos que nós chamávamos.
Toda aquela angústia e tristeza voltou a tona. A nostalgia estava só no começo. A noite começou a ficar fria, a casa estava fria, eu estava fria. Tornei-me durona a vista de todos, mas não tão durona quando estava sozinha. Os olhos se encheram de lágrimas. Suspirei fundo e não pisquei para não cair nenhuma gota sequer. Não poderia chorar. Não poderia chorar por uma causa perdida.
Voltei a lembrar das conversar no celular que duravam horas — dos filmes juntos — das brincadeiras.
Vi logo uma estrela cadente cair, suspirei fundo, fechei os olhos — as lagrimas caíram — fiz um pedido. Abri os olhos, limpei o rosto. Tomei coragem e me levantei da poltrona, fui até a cozinha. Peguei um vinho de 1950, 1960. Coloquei na taça e voltei para a sala. Só que desta vez fui pra perto da janela, tomando aquele belo vinho, meus pensamentos voaram. Pensei se fosse tudo diferente, como você estaria no meu lugar. Mas voltei-me a lembrar de que tudo não passava de uma ilusão. Que sempre amei pelos dois. Os olhos se encheram de lágrimas, porém desta vez elas rolaram sobre meu rosto. Senti em meus lábios aquele gosto salgado e amargo. Senti em meus lábios, a tristeza e o ódio juntos. Por que não poderia esquecer? Por que não poderia ter um deletar em algumas memórias? Dei mais alguns goles sobre a taça e antes de subir para o quarto, fui até a bolsa de medicamentos e tomei dois ou três calmantes e tomei com vinho. Subi para o quarto e deitei. Apeguei-me no meu pedido a estrela cadente. E enquanto as lágrimas rolavam, meus olhos fechavam e foi onde adormeci.

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